Ter & crer o debate sobre a introdução da finança islâmica na frança
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TER & CRER
O debate sobre a introdução da finança islâmica na França
II Ciclo – Relações Internacionais
Sociedade e cultura na Área Islâmica
ISCSP 2010
No dia 25 de Agosto de 2010, Les Échos, o principal diário francês de informação económica, fez relatório da publicação pelo Ministério da Economia e das Finanças de instruções fiscais “destinadas a transformar Paris no hub da finança islâmica na Europa continental”. No fim do seu artigo, a jornalista concluia que “com este novo enquadramento fiscal, a França se encontra nos postos avançados da finança islâmica [...] e espera atrair os investidores que respeitam os preceitos da Chariá.”
Esta reforma não é anecdótica mas o resultado de dois anos de esforços do governo e do meio financeiro parisiense para atrair os que os jornalistas chamam por vezes “os banqueiros da fé”. Sendo relativamente desconhecida até então, pode-se interrogar-se legitimamente. Tanto mais que na mesma altura os deputados da maioria presidencial trabalhavam sobre a prohibição do niqab. À primeira vista parece que haja uma contradição. Por que razão o governo francês critica e prohibe uma peça de roupa, e por outro lado elogia e autoriza uma finança, cujos princípios vêm da mesma religião?
A pergunta à qual vamos responder é a seguinte: o que justifica a intridução da finança islâmica na França? Vamos ver, por conseguinte, como as partes opõem-se sobre questões de princípios e de performance económica.
* * * Num vídeo introdutória ao segundo Forum Francês da Finança Islâmica, a ministra da Económia Christine Lagarde elogia a ética deste sistema cujos princípos são muito diferentes dos do sistema convencional.
A finança islâmica singulariza-se da finança convencional em razão das regras que a estruturam. Como todos os aspeitos privados ou públicos da vida muçulmana, a finança islâmica é regulada pela Chariá, isto é um conjunto de