Tecelagem manual no triangulo mineiro
Através de uma pesquisa sobre a tecelagem manual produzida no Triângulo Mineiro, este projeto tem como objetivo realizar um estudo sobre a história da cultura material da região.
O ofício das tecedeiras e fiandeiras, atualmente em vias de extinção, é bastante antigo nesta região do país. Suas origens remontam ao século XVIII, confundindo-se com o contato entre colonizadores e indígenas e com a criação dos núcleos populacionais locais fundados no decorrer do século XIX em diante.
O estudo aqui proposto visa reconstituir uma parte da história desta arte de tecer. Ele pretende resgatar a prática deste ofício durante o século XX, período no qual se irá retraçar as permanências e transformações de suas heranças técnicas e estéticas, e também situar o quadro social de sua existência. O município de Uberlândia, cuja participação na produção da tecelagem manual do Triângulo Mineiro já foi bastante expressiva, será o campo principal desta pesquisa, que terá como limites cronológicos as décadas de 1920 e 1990. A década de 20 se justifica por indicar o momento da criação da primeira fábrica de tecidos de Uberlândia. Não obstante o malogro do empreendimento, que faliu nos primeiros anos de funcionamento, não há dúvidas de que ele é representativo de uma época na qual a tradição dos teares caseiros começava a perder espaço em função do aparecimento de novas modalidades de consumo e de trabalho no meio urbano. De todo modo, mesmo que o ofício da tecelagem manual estivesse entrando em declínio no início do século, ele continuaria ainda, durante algumas décadas, a ser uma ocupação para uma significativa parcela da população, haja visto o caráter rural do município.
A escolha da década de 90 como marco final da pesquisa deve-se à criação do Centro de Tecelagem Dona Belmira, fundado em 1992 em Uberlândia com o objetivo de preservar a prática local deste ofício. O projeto de criação do Centro data de 1981, mas sua implementação só se concretizou 11 anos depois,